Afirmar que um filme é o
melhor não é fácil. Além da qualidade da produção, depende de fatores como a
experiência de vida de quem assiste e até do grau de instrução. Isso
mesmo! Se perguntar a um adolescente, raramente a resposta será igual à de alguém
com mais de 40 anos, por exemplo.
Alguém que tenha pouco estudo também terá uma
visão diferente de um acadêmico, principalmente se o filme exigir mais
conhecimento do telespectador.
O número de pessoas que
assistiram ao filme pode significar que é bom, mas não o melhor. E, hoje em
dia, até um Oscar não significa mais símbolo de qualidade - a política fala
mais alto na academia americana...
Avaliar filmes nacionais
também não é fácil. A maioria é produzida pela Globo, se passa no Rio de
Janeiro e vem carregada de mesmices: violência, trambiqueiros vivendo de
golpes, favela, policial corrupto, entre outros. Há também a falta de dinheiro
e dependência de órgãos oficiais do governo.
Aqui vai um filme já
analisado pela primeira turma de Artes da Faculdade Univel, belíssimo filme,
sua construção é bem definida, todo o filme passa à quem assiste um aspecto de
sujeira e imundície, cenas que apesar de trágicas se tornam engraçadas, e como
em todo o filme brasileiro Bundas amostra, sim, parece ser vulgar, porém a construção feita pelo diretor. Abusando de
alguns clichês, como a saia curta da garçonete que sempre precisa se abaixar para
pegar algo no chão e o escândalo de uma ex-noiva após sua separação.
O Cheiro do Ralo é um filme acima da média em termos de
filmografia nacional recente. Não é um ótimo filme e não vai ser bem visto pelo
público maior, que vai passar batido. Mas pobre deste público, que não sabe o
que estará perdendo.
O CHEIRO DO RALO (2006) - Lourenço (Selton Mello) é o dono de uma
loja que compra objetos usados. Aos poucos ele desenvolve um jogo com seus
clientes, trocando a frieza pelo prazer que sente ao explorá-los, já que sempre
estão em sérias dificuldades financeiras. Ao mesmo tempo Lourenço passa a ver
as pessoas como se estivessem à venda, identificando-as por uma característica
ou um objeto que lhe é oferecido. Incomodado com o permanente e fedorento
cheiro do ralo que existe em sua loja, Lourenço vê seu mundo ruir quando é obrigado
a se relacionar com uma das pessoas que julgava controlar.